06 mar Pavimento intertravado: por que ele pode ser uma ótima solução para a sua construção?
Pavimento intertravado é um tipo de piso feito com blocos de concreto pré-fabricados, assentados sobre uma camada de areia e travados entre si por contenção lateral e por atrito entre as peças. O piso é permeável, oferece excelentes ganhos ambientais e pode ser utilizado em vários lugares.
O que é pavimento intertravado?
Pavimento intertravado de concreto é um tipo de piso que pode ser considerado uma espécie de substituto do paralelepípedo. Até pela aparência similar entre ambos. Ele também é conhecido como bloquete, pavimentos drenantes ou pavers.
Como o próprio nome diz, o pavimento intertravado se trava. Tratam-se de blocos de concreto pré-fabricados que são assentados sobre uma camada de areia e travados entre si por contenção lateral e por atrito entre as peças. As juntas entre as peças são preenchidas por material de rejunte, o que permite a utilização imediata do pavimento.
Esse tipo de piso pode ser utilizado em vários lugares, sendo bem comum de ser encontrado no dia a dia. Calçadas, ruas, estradas, ciclovias, praças, parques e garagens são só alguns dos locais onde esse tipo de pavimento pode ser usado.
Além disso, esses blocos de concreto podem ser encontrados em várias cores. Quanto aos formatos, a NBR 9781/2013, norma que rege a especificação das peças de concreto para pavimentação, confere que existem quatro tipos do piso.
Esses tipos são: formato retangular, formato único, formato geométrico característico e conjuntos. Todos com peças tendo, no máximo, 250mm de dimensões (largura e comprimento), espessura mínima de 60mm e resistência mínima de 35 Mpa.
Levando isso em conta, existem alguns modelos disponíveis no mercado que são muito utilizados. Tais como:
- Sextavado ou hexagonal: indicado para áreas com circulação de carros. É muito usado e pode ter o formato encontrado também em praças;
- Raquete: indicado para efeitos não lineares, possui um modelo de raquete de tênis, o que garante um encaixe perfeito entre os blocos;
- 16 faces ou onda: utilizado em acessos para garagens e jardins;
- Ossinho: tem mesmo um formato de osso e deve ser assentado de maneira intercalada;
- Piso grama: a grande vantagem desse tipo é manter o nível de permeabilidade do piso alto, sendo um modelo vazado apropriado para preenchimento com grama;
- Piso quadrado: possui formato de uma placa quadrada, sendo apropriado para garantir alguns efeitos visuais;
- Três pontas: representa a união geométrica de três pequenos hexágonos, com 12 faces que proporcionam um nível de travamento bastante elevado, sendo indicado para calçadas e áreas externas;
- Retangular: modelo clássico e popular que lembra o paralelepípedo, usado em várias situações. É um dos modelos com o maior apelo artístico para formar desenhos com cores diferentes em calçadas e calçadões de pedestres.
O material tem grande força no Brasil nos projetos de arquitetura e paisagismo, tendo chegado ao país ainda nos anos 70. Mas, tal piso nada mais é que uma evolução gerada a partir dos pavimentos revestidos com pedras utilizados na Mesopotâmia – isso há quase 5.000 anos a.C. – e muito utilizados pelos romanos desde 2.000 a.C.
Quais as grandes vantagens do piso intertravado?
As vantagens do pavimento intertravado vão além da questão estética, por conta dos formatos e cores. Esses pisos possuem a função de resistir e distribuir ao subleito os esforços aplicados sobre eles, além de melhorar as condições de rolamento e segurança.
Um dos grandes benefícios atrelados ao uso desse pavimento é a questão da sustentabilidade. Os ganhos ambientais na comparação com o uso do concreto/asfalto são enormes.
Isso porque o processo de fabricação consome menos energia que o derivado de petróleo. Além disso, o material é permeável, o que possibilita maior rapidez no escoamento da água da chuva para o solo.
Ainda no campo da permeabilidade, os blocos reduzem o risco de aquaplanagem de carros em vias, sendo esse mais um ponto positivo para uso do material.
Outro fator voltado à sustentabilidade é a capacidade de reflexão de luz do pavimento intertravado. O que permite, ainda, economia de energia elétrica da iluminação pública.
Ainda comparando com o asfalto comum, o piso intertravado possibilita a realização de uma obra rápida com utilização imediata da área assentada. A vida útil do material é longa e não requer mão de obra especializada para reparos.
Além de ser fácil de fazer o conserto, ainda requer baixa manutenção, pois não há propagação de eventuais trincas das camadas de base para a superfície.
E, se o piso preza pela segurança em vias públicas e estradas por ser permeável, é fato que o uso como material antiderrapante em residências é uma vantagem incrível, principalmente para pessoas idosas ou com problemas de locomoção. Como possui uma grande gama de cores disponíveis, uma coloração específica também poderá ajudar no projeto.
Outra grande vantagem é que o piso intertravado pode ser removido tranquilamente e reutilizado sem ser quebrado. Isso elimina a necessidade de quebrar o asfalto para a passagem de tubulações de água, cabos elétricos e subsistemas de infraestrutura quando uma manutenção for necessária.
Nesse caso, os ganhos são excelentes. Além da questão econômica relacionada à reinstalação, também não gera resíduos sólidos. Isso sem falar da liberação imediata do tráfego após todo o processo.
Mantendo-se ainda no campo das vias urbanas ou estradas, a utilização de pavimentos intertravados em variadas colorações possibilita a incorporação da sinalização viária horizontal. Nesse tipo de sinalização, a frenagem de um carro é comprovadamente mais rápida do que em um pavimento comum.
Outro aspecto é que o ruído do piso fica mais alto conforme a velocidade de um automóvel aumenta, servindo de alerta ao motorista.
Quais as desvantagens dessa pavimentação?
Talvez a maior desvantagem na utilização da pavimentação intertravada de concreto seja justamente a relativa facilidade de deslocamento dos blocos. O que pode causar a movimentação ao longo do tempo.
Isso acontece pincipalmente porque eles são preenchidos por areia, e essa areia pode ser removida pela limpeza e pela ação do tempo. Uma limpeza feita com máquinas de hidrojateamento com um jato muito forte, por exemplo, pode danificar o rejunte e soltar os blocos.
Em caso de manutenção estrutural (quando ocorre a perda do suporte da fundação), é necessário, além da troca e rejuntamento dos pavers, a reconstrução das camadas inferiores.
Irregularidades no piso podem ocorrer devido à má execução no assentamento, da mesma forma que ocorre em qualquer outro pavimento. Por mais que não seja necessária uma mão de obra especializada para assentar os blocos, é preciso, sim, muito cuidado e atenção, com o intuito de não haver surpresas futuras.
Arquitetos e engenheiros que lidam com pisos intertravados devem ter em mente o tamanho e a espessura das peças de concreto adequadas para o projeto. Tudo porque os profissionais devem considerar a carga máxima a ser suportada pelo piso, que não deve afundar ou quebrar.
Qual a diferença entre o piso intertravado e o paralelepípedo?
É bom deixar claro que as duas são propostas parecidas, mas são tipos de revestimentos distintos.
O paralelepípedo é um pavimento mais antigo, que pode ser encontrado ainda em algumas cidades pelo interior do Brasil, principalmente nas ruas de cidades históricas, zonas periféricas, pátios industriais e loteamentos, por exemplo. As frestas que ficam entre um paralelepípedo e outro são preenchidas ou rejuntadas com pedrisco.
Já o piso intertravado é um material mais recente, mais leve e que pode ser utilizado em outras dependências também. O bloquete é formado a partir do concreto e as frestas que ficam entre os blocos são preenchidas com material de rejunte ou areia.
A trepidação dos carros ao transitarem sobre os paralelepípedos é muito grande. Com o grande fluxo de automóveis nos dias atuais e alargamentos de ruas, esse tipo de pavimento vem sendo retirado até mesmo em algumas cidades onde é tradicional.
Diferentemente do perímetro de pavimentação em paralelepípedo, que é amarrado com guias de concreto ou de granito que impedem o deslocamento do material, o piso intertravado pode ser removido com facilidade em caso de necessidade. Ou seja, o segundo apresenta uma economia financeira e agilidade não existentes no primeiro.
O que ambos possuem em termos de positividade é o fato de serem uma pavimentação ecológica, minimizando os riscos de enchentes e dissipando o calor. Nesse quesito, o asfalto tradicional também deixa a desejar em comparação ao paralelepípedo.
Onde é possível utilizar o pavimento intertravado?
O piso intertravado pode ser utilizado em obras viárias, passeios, calçadas, praças, ciclovias, áreas comuns em clubes, estacionamentos, áreas externas de shoppings centers, pisos industriais, pátios de aeroportos, pátios de terminais de containers, entre outros lugares.
A vantagem do piso intertravado é que ele pode ser assentado de diferentes formas, criando efeitos diversos de acordo com os desenhos das peças escolhidas. Sem contar que existem várias cores do pavimento disponíveis no mercado, como já foi citado.
As áreas de lazer de condomínios costumam utilizar do piso em meio à grama. Alguns trechos que servem para o trânsito de pessoas ou para caminhada também recebem tal pavimento.
Além disso, condomínios mais amplos, com casas de veraneio ou chácaras, por exemplo, possuem pisos intertravados formando um caminho para a entrada de carros.
Mais do que ser esteticamente bonito, o pavimento serve também como solução para terrenos com desnível. A subida com segurança de carros e pedestres é garantida, principalmente em dias de chuva.
Nas indústrias em que há circulação de veículos pesados, o pavimento intertravado surge como um dos pisos preferidos. Isso porque é resistente a grandes cargas, não se desgasta facilmente, tem manutenção de simples realização e é antiderrapante.
O mesmo pensamento populariza o uso desse pavimento em aeroportos, pátios de containers, portos, empresas de ônibus e rodoviárias.
Estradas também se beneficiam do pavimento intertravado. Na África do Sul, por exemplo, desde a década de 1980, esse piso vem sendo utilizado em avenidas e corredores de tráfego urbano.
Ainda nos anos 80, a Colômbia seguiu o mesmo exemplo, dando ênfase especial na pavimentação em pequenos vilarejos e em estradas para acesso a casas de campo e propriedades agrícolas.
Mas, na verdade, essa técnica vem de longínqua data. Lembra que no início do artigo foi citado que tal piso nada mais é que uma evolução dos pavimentos utilizados na Mesopotâmia? Pois então, muitos países europeus já utilizavam materiais parecidos há décadas e décadas atrás.
Segundo informação da Revista Prisma, são os países em desenvolvimento os que lideram o uso de pavimentos intertravados em estradas: Nicarágua, Costa Rica, Colômbia e, muito possivelmente, o Brasil. Nosso país teve um crescimento substancial no uso desse tipo de piso.
Mas, o Brasil ainda está distante dos países europeus e dos Estados Unidos. Para o engenheiro Alex Maschio, especialista da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) quando trata desse tipo de pavimento, o destaque nacional é Santa Catarina, mais precisamente a região de Blumenau e todo o Vale do Itajaí.
Além dessa região, Porto Alegre é outra cidade que também merece destaque no assunto.
Caso você ainda tenha dúvidas sobre o pavimento intertravado, as vantagens e onde utilizar esse material, ou caso queira nos ajudar com outros conhecimentos, compartilhe seus comentários. E continue seguindo nossas publicações para ficar ainda mais por dentro dos assuntos relacionados à construção civil.